quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Biblioteca de Livros Digitais 


Neste site podemos encontrar um agregado de livros de autores consagrados e aprovados pelo Plano Nacional de Leitura (PNL) e um repositório de trabalhos realizados por pessoas interessadas em criar textos motivados pelo livro que acabaram de ler.
Um espaço dinamizador de iniciativas relacionadas com a leitura e escrita, um lugar de partilhas e de troca de experiências.
Uma das maiores vantagens da utilização desta aplicação é a leitura em voz alta de todos os livros, tornando-se  acessível a todas as idades e problemáticas.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Potencialidades das TIC

Fica aqui um testemunho sobre as potencialidades e vantagens do uso das TIC em alunos com Necessidades Educativas Especiais.  
Dificuldades de Aprendizagem Específicas


É normal que as "Pessoas" achem que as dificuldades de aprendizagem específicas não existam, porque em Portugal os alunos com dificuldades de aprendizagem específicas são incompreendidos e normalmente ignorados no contexto escolar. Na realidade esta problemática existe e ocorre universalmente e a sua prevalência em contexto escolar é de 48%. Estas crianças apresentam um insucesso escolar sem explicação o que as leva, na maioria dos casos, ao abandono escolar. Por isso, eu vou tentar explicar o que são dificuldades de aprendizagem específicas para que consigam identificar nos filhos, sobrinhos ou até vizinhos com esta necessidade educativa especial.
Só para teres uma noção histórica da evolução desta temática, o termo dificuldades de aprendizagem específicas foi apresentado ao público em 1963 numa conferência que foi totalmente organizada e realizada pelos pais que se sentiam injustiçados pela conduta fornecida aos seus filhos que apresentavam dificuldades de aprendizagem específicas. Nesta conferência o pai das dificuldades de aprendizagem específicas, Samuel Kirk, foi convidado a falar deste termo que ele introduziu num livro da sua autoria em 1962. Em Portugal surgiu em 1984 pela autoria de Vítor da Fonseca no livro “Uma Introdução às dificuldades de aprendizagem específicas”, vinte anos depois do conceito existir.
As dificuldades de aprendizagem específicas dizem respeito a alunos que aparentemente são normais, mas que exibem um insucesso na aprendizagem académica que é inexplicável, surpreendente, confuso, enigmático e específico, experimentam o insucesso escolar em diferentes áreas académicas, como na leitura, na escrita, no cálculo ou na aquisição de aptidões sociais, isto é, têm dificuldades de aprendizagem no domínio cognitivo, sócio emocional e em áreas específicas. São crianças com dificuldades de aprendizagem que apresentam um conjunto de incapacidades em diferentes áreas, como por exemplo na percepção visual, auditiva, de linguagem ou de comunicação. Apresentam muitos problemas na compreensão de números, na descodificação de letras e palavras em textos, na compreensão de instruções que lhes são dadas, inabilidade para compreender a cor, problemas nas relações espaciais e direccionais, falhas na coordenação fina e/ou global, dificuldades em compreender o início, meio e fim de uma tarefa, entre muitas outras.  
Alunos com dificuldades de aprendizagem específicas apresentam uma discrepância entre quociente da inteligência e a realização, isto é, na maioria dos casos, são crianças que revelam um quociente da inteligência dentro da média ou até superior, há uma discrepância acentuada entre o potencial estimado do aluno e a sua realização escolar. As dificuldades de aprendizagem específicas das crianças não são consequência de outras problemáticas como a deficiência mental, perturbação emocional, deficiência visual ou de audição ou à privação educacional ou cultural, podem existir em simultâneo mas não têm relação directa, elas não surgem associadas de forma directa com outras problemáticas, contudo podem existir em simultâneo sendo estas crianças com multideficiência.
A causa das dificuldades de aprendizagem específicas é neurológica, é intrínseca ao indivíduo e acompanha-o durante toda a vida. Há uma disfunção neurológica no processamento da informação, na forma como recebe, integra e retêm a informação. Estes défices de processamento de informações causam problemas severos na leitura, na escrita e na matemática, as áreas estão presentes mas não funcionam da melhor forma. Pode afirmar-se que a origem das dificuldades de aprendizagem específicas encontra-se no sistema nervoso central do indivíduo, podendo um conjunto de factores contribuir para este facto, como a hereditariedade, factores perinatais - excessos de radiação, o uso de álcool e/ou drogas na gravidez, incompatibilidade Rh com a mãe - e factores pós-natais - traumatismos cranianos, a tumores e derrames cerebrais, malnutrição, substâncias tóxicas e a negligência ou abuso físico. A origem neurológica das dificuldades de aprendizagem específicas traduz-se num conjunto de problemas quanto ao processamento da informação e por terem uma origem neurológica são, consequentemente, intrínsecas ao indivíduo e não desaparecem com a idade.
Em modo de conclusão, convém referir que mais uma vez o nosso país tem negligenciado estas crianças, pois continuam a não ter direito aos serviços de apoio especializados, porque as dificuldades de aprendizagem específicas não são consideradas com facilidade Necessidades Educativas Especiais, tornando-se muito complicado referenciar estas crianças a receber todo apoio a que têm direito por lei. Se desde muito cedo referenciássemos estas crianças para receber todo o apoio dos serviços da Educação Especial iríamos diminuir, assim, o abandono escolar e aumentar o sucesso escolar destas crianças, mas principalmente o seu desenvolvimento completo e satisfatório, ao nível cognitivo e sócio emocional e maximizar as suas capacidades e aprendizagens. 

Leitura de apoio:
Correia, L. M.(2008). Dificuldades de aprendizagem específicas. Contributos para uma definição portuguesa. Porto Editora. Porto.
Correia, L. M. (2004). Problematização das dificuldades de aprendizagem específicas nas necessidades educativas especiais. Análise Psicológica, XXII (2), 369 - 376.